Não estou ainda preparada para esse nome
Sei que por constar no dicionário se torna
ainda mais difícil que se farta de saltar
nas minhas mãos abertas insolente
a mostrar que existe e não tem fim
Nome sôfrego que quando chega a noite
se intensifica e parece que cresce para tudo
mas que nunca se conclui imenso
como o prevejo
e fica sempre agulha no meu ouvido
mostrando-se capaz de tudo
como engolir a própria lua
mesmo sabendo que preciso dessa luz cheia
Não tenho conseguido dizê-lo descontraída
sem enjoo sem arder a chaga rigorosa
que se prende com ele ao meu ventre
(É aí que sinto tudo como uma vida)
Mas também sei que perfeito
ainda que me custe
é empurrá-lo contra os meus dentes
pari-lo com toda a força como se o estrangulasse
talvez em jejum talvez sem merda nas tripas
Vazia ainda sem abrir os olhos
puxar sempre a direito exercitar os músculos
como quem não quer mais nada nem tem sono
e sobretudo nunca hesitando em mostrar-lhe esta dor
que tenho em vê-lo de frente desde que sou eu
Fazer como me ensinei para tudo o resto:
pegar o touro pelos cornos
expulsá-lo sem tremer num grito glorioso
para que saia pesado demais de dentro de mim:
morte
morte morte
morte morte morte